quinta-feira, novembro 30

Interessante o mapa utilizado por professores para troca de conhecimentos e experiências no ensino de Geografia


A Jimboê Didática é uma empresa que atua desde 2003 e oferece prestação de serviços como assessoria na reformulação de currículos, leituras técnicas, produção de materiais didáticos e cursos de formação de professores.

"Nosso objetivo neste blog é oferecer às instituições escolares, aos professores e a todos os interessados, um espaço de debates, troca de conhecimentos e experiências no ensino de Geografia, Arte e outras áreas do conhecimento."

Vincenzo Raffaele Bochicchio.
Atlas mundo atual. São Paulo: Atual, 2009. p. 38-39.
Graça Maria lemos Ferreira. Moderno atlas
geográfico. 5. ed. São Paulo: Moderna, 2011. p. 75.





segunda-feira, 29 de abril de 2013

A gripe e a globalização

    Junto com a chegada da estação do outono no hemisfério Sul e da primavera do hemisfério Norte, proliferam também alguns tipos de vírus muito conhecidos pela população, como o da influenza. Isso é recorrente, porém, a maior parte das pessoas já possui anticorpos contra alguns desses microorganismos.
    Entretanto, neste ano de 2013 vem chamando a atenção um novo vírus da gripe aviária, surgido na China e que tem levado preocupação à OMS: o H7N9.


Quase 120 casos de infecções humanas do vírus H7N9 foram registrados, com 23 mortes (AFP, Wang Zhao, http://www.google.com/hostednews/afp/slideshow/ALeqM5hsbCw6OZa1cGZXMLcD7qRQGpaAtw?docId=CNG.87f22a5b416199911826bd6ffa068385.441&index=0)
    Já vimos outras vezes notícias como as que têm sido veiculadas nestes meses. Em março de 2005, por exemplo, ocorreu outro surto de gripe aviária, causada pelo vírus H5N1, e que também atingiu muitos países dos Sudeste Asiático.
   Em março de 2009, a gripe que ficou conhecida como suína ou gripe A, causada pelo vírus H1N1, foi detectada inicialmente no México e espalhou-se com grande rapidez, atingindo muitos países do mundo, ocasionando mais de 8 mil mortes. A Organização Mundial da Saúde decretou o alerta de pandemia que somente foi encerrado em agosto do ano seguinte.
    Aqui vai uma proposta de trabalho com os alunos que, ao abordar as questões de epidemias e pandemias, trabalhe com os temas globalização, meios de transporte e comunicação e representações cartográficas.
Ensino Fundamental 2 e Médio
• Espaço geográfico e globalização
• A dinâmica dos espaços globalizados
• Os fluxos internacionais de pessoas e mercadorias
• Desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação
  
Conteúdos complementares interdisciplinares (Ciências e Biologia)
 • Campanhas de vacinação
 • Métodos de prevenção de contágio
 • Microorganismos, pandemia e epidemia
  
1. Leia com os alunos os textos:
  
Pandemias difundem-se no ritmo da globalização
Responda rápido: onde é fabricado seu iPod? Pois é! Desde que Napoleão colocou a burguesia a seu lado, o mundo só faz encolher. E, falando de um francês, lembramos de outro: o vinho Beaujolais.

 Anualmente, na terceira quinta-feira de novembro, apreciadores do saboroso tinto francês no mundo todo abrem milhões de garrafas recém-chegadas do sul da Borgonha, a região produtora. O curioso é que, para degustá-lo comme il fault, o vinho deve sair da França na véspera! Simultaneamente, mais de 150 países recebem a safra do ano, o que é possível graças a uma verdadeira operação de guerra, de que participam milhares de produtores, despachantes, vendedores, compradores, aviões, caminhões etc. No intervalo de 12 a 24 horas, le Beaujolais est arrive a seus mercados consumidores e às taças de seus apreciadores all over the world.

 Aí está uma das faces da globalização. A economia mundializada fragiliza as fronteiras nacionais, tornando-as permeáveis ao dinheiro, matérias-primas e manufaturados. Pelas fronteiras, também passam turistas, executivos, empresários, comerciantes, pilotos, comissários de bordo, soldados, pessoas em busca de trabalho e refugiados de guerras civis.

 Há algo, porém, que passa com mais facilidade pelos detectores de metal e pelos cães farejadores dos aeroportos: os micróbios. (José Arnaldo Favaretto e Helio Trebbi  http://www.clubemundo.com.br/pdf/2006/mundo0506.pdf)
A primeira pandemia do século XXI é a SARS (Severe Acute Respiratory Syndrome ou Síndrome Respiratória Aguda Grave). Em novembro de 2002, pessoas da região de Guangdong, na China, desenvolveram essa nova e letal forma de pneumonia. Em fevereiro, um médico que tratou de pessoas em Guangdong hospedou-se em um hotel de Hong Kong, e infectou 12 outras pessoas. A partir desses casos, acendeu-se um rastilho epidemiológico que, até a metade desse ano, havia passado por 18 países, atacado mais de 6 mil pessoas e matado pelo menos 470. A cortina de silêncio imposta pelas autoridades sanitárias chinesas impediu que medidas de controle fossem implementadas mais precocemente.

A partir da divulgação maciça da epidemia pela imprensa mundial, o governo chinês chegou a ameaçar com prisão perpétua pacientes que desrespeitassem as normas de isolamento.

Essas pandemias são exemplos do chamado “efeito borboleta”, segundo o qual o bater de asas de uma borboleta pode causar um vendaval devastador mesmo a milhares de quilômetros de distância. A Aids e a Sars têm muitas características em comum: seus agentes são vírus que romperam a barreira biológica entre animais e seres humanos e se disseminaram graças a brechas nos sistemas nacionais e internacionais de vigilância. São produtos da globalização, e seus efeitos políticos, econômicos e sociais são devastadores.

As epidemias, tão antigas quanto as primeiras populações humanas, certamente continuarão a ocorrer, quem sabe alcançando, no futuro remoto, colônias humanas em outros planetas. Pensando em prevenção em escala cósmica, cientistas da Nasa consideram a possibilidade de arremessar a sonda espacial Galileu contra o planeta Júpiter, incinerando-a na entrada na atmosfera do planeta, com o objetivo de evitar que ela caia sobre o satélite Europa e o contamine com microrganismos terrestres que possam ter resistido às hostis condições do espaço. (José Arnaldo Favaretto e Helio Trebbi http://www.clubemundo.com.br/pdf/2006/mundo0506.pdf)



  2. Acesse reportagens sobre o tema e solicite aos alunos que as leiam.
3. Analise as imagens com os alunos
 Animação com mapa-múndi que simula do tráfego aéreo mundial e suas rotas em 24 horas
Mapa dos principais fluxos marítimos internacionais.

Vincenzo Raffaele Bochicchio.
Atlas mundo atual. São Paulo: Atual, 2009. p. 38-39.
Graça Maria lemos Ferreira. Moderno atlas
geográfico. 5. ed. São Paulo: Moderna, 2011. p. 75.

4. Realize uma conversa, em sala de aula, de como as pandemias podem ocorrer atualmente diante do desenvolvimento dos meios de transporte. Discuta sobre quais características da globalização contribuem para as pandemias (fluxos de pessoas e mercadorias, por exemplo). Converse também sobre os fluxos aéreos e marítimos e sobre os espaços mais intensamente transformados em decorrência destes fluxos.
  
5. Crie grupos de alunos para a realização do trabalho.
  
6. Crie um painel para que os alunos possam acompanhar as notícias. Sugira que indiquem links das principais notícias sobre o tema.
  
7. Utilize um mapa da China (do Sudeste Asiático ou um mapa-múndi) para indicar o surgimento de novos casos da gripe e trabalhe com os alunos os elementos essenciais de um mapa, como o título, legenda, escala, orientação, etc.
Veja também:
OMS – Gripe A



http://jimboedidatica.blogspot.com.br/2013/04/


A espinha dorsal da internet

 Veja um mapa com todos os cabos submarinos que interligam o mundo

14 de agosto de 2017 7


A internet é, hoje, usada por bilhões de pessoas. Em computadores, notebooks, celulares, tablets, relógios e TVs inteligentes, câmeras e até mesmo eletrodomésticos estão começando a ficar conectados. Apesar da maioria das pessoas saber como usar a internet, poucas delas sabem como essa grande e incrível rede funciona.
Hoje você só consegue conversar com alguém do outro lado do mundo instantaneamente graças às dezenas de cabos submarinos que interligam todos os continentes. Sim, a infraestrutura inteira da internet é formada por cabos, que atravessa oceanos e conectam continentes inteiros. Fazendo uma analogia simples, é como se esses cabos fossem a "espinha dorsal" da internet, aquilo que a possibilita ficar de pé.
Embora todo esse "esqueleto da internet" seja invisível para a maioria das pessoas, o site Submarine Cable Map permite a qualquer um visualizar essa infraestrutura e entender um pouco melhor como a internet funciona. A tela inicial do site exibe o mapa mundi com várias linhas coloridas interligando os continentes e vários pontinhos nas regiões costeiras.

Site Submarine Cable Map
As linhas coloridas, obviamente, são os cabos submarinos que levam o sinal da grande rede para todo o mundo. E os pontinhos brancos são as "landing stations", ou seja, estações terrestres que recebem esses cabos submarinos e distribuem o sinal entre todas as operadoras atuantes naquela região.
Por exexmplo, no Brasil temos várias operadoras de internet, tais como Oi, Vivo, Claro, TIM, NET e tantas outras. Todas essas empresas pegam o seu sinal diretamente dessas landing stations, que recebe o cabo de fibra óptica vindo do oceano. Esse sinal, então, é levado por outros cabos ou sinais de satélite para o interior da continente.
O Submarine Cable Map permite que o visitante clique em cada um dos pontos para saber em qual cidade ele fica e também quais empresas usam o sinal daquela estação. E clicando sobre qualquer um dos cabos, podemos ver o seu caminho em detalhes, além de outras informações, como o comprimento total do cabo, qual empresa responsável por sua montagem e manutenção e desde quando ele está ativo.


https://www.tudocelular.com/curiosidade/noticias/n98260/submarine-cable-map.html




Mais rápido: o cabo de Internet submarino que o Google ativou entre os EUA e o Japão



Segunda-feira 04 de julho de 2016 / 16:09
Mais rápido: o cabo de Internet submarino que o Google ativou entre os EUA e o Japão
 
A empresa de tecnologia anunciou a ativação do cabo de internet   submarino de alta velocidade de 9 mil quilômetros entre os Estados Unidos e o Japão em que trabalha desde 2014.
O Google batizou o cabo com o nome "mais rápido" (mais rápido), tem uma velocidade de 60 terabits por segundo, 10 milhões mais rápido do que o modem típico e custa 300 milhões de dólares.
Agora, os usuários   e os clientes no Japão devem notar que as coisas se movem um pouco mais rápido. O cabo recém-ativado é o mais poderoso de todos os cabos submarinos e, entre suas peculiaridades, é o de emitir luzes de múltiplas cores em diferentes freqüências.
O primeiro cabo transoceânico utilizado nas comunicações via telegrama foi instalado em 1906. A maioria dos cabos operam nos países e entre os continentes, mas existem alguns que atravessam oceanos como o Atlântico.
O Facebook ea Microsoft agora estão trabalhando no desenvolvimento de um cabo subaquático que se chamará Marea e deverá estar pronto em 2016. Será o primeiro cabo a conectar os Estados Unidos com o sul da Europa, especificamente as cidades da Virgínia (EUA). ) e Bilbao (Espanha).

http://www.globalmediait-ar.com/faster-el-cable-submarino-de-internet-que-google-activo-entre-usa-y-japon/ 

quarta-feira, novembro 29

Quem é o dono da Internet?

O jornal Correio Braziliense publicou na última Sexta 2 de julho uma reportagem que deve ter passado desapercebida para a maioria das pessoas, mas que foi tratada com seriedade pela equipe do jornal. Sei que o Correio está longe de ser a fonte mais confiável do mundo, mas dada a profundidade da reportagem resolvi verificar com uma rápida pesquisa no Google o que estava sendo escrito e me parece que podemos confirmar a veracidade das informações. Um Senador que se diz independente chamado Joe Lieberman,  apresentou uma proposta de lei que poderia bem ser republicana, apesar de o mesmo já ter sido membro do partido Democrata. O seu projeto tenta, de maneira resumida pelo Correio:
…aumentar o controle estatal da Internet, dando poderes ao presidente de, inclusive, desligar a Internet em situação de ataque.
Sim, o termo pode parecer um pouco calamitoso para quem não conhece a rede, mas de fato a ideia é essa mesmo. Os americanos já sacaram há algum tempo que a rede não é tão controlável como as outras mídias “independentes” que eles estão acostumados a lidar, e também já entenderam há muito tempo que ideias não podem ser combatidas com bombas. Assim, é fundamental vencer a guerra da informação, que já disse ser a guerra do futuro quando citei a disputa Google x China, e eles estão querendo dar um passo à frente nesse caminho. Há duas análises importantes a serem feitas:
  1. É possível aos EUA cortar o acesso à Internet?
  2. O que um possível corte da rede nos EUA afetaria a minha vida?

Os Verdadeiros donos da rede

Vamos tentar responder à primeira pergunta: é possível aos americanos cortar o acesso à Internet?
Antes de responder é preciso entender o que é a Internet. De maneira resumida poderíamos dizer que é um conjunto de redes interligadas entre si através de grandes conectores, que chamamos de backbones. Para tentar entendê-los, vamos partir da sua rede doméstica. Para acessar a internet, precisamos nos conectar a um provedor de serviços de comunicação, que vai passar um cabo, uma linha telefônica, rádio, enfim, vai nos fornecer algum tipo de meio para nos conectar à grande rede. Ganhamos então um endereço IP de Internet, que normalmente está dentro de uma determinada faixa de endereços que pertence ao provedor, que dentro de sua onipotência nos “empresta” para acessarmos a Internet. Uma boa referência é esse artigo do Guia do Hardware, e reproduzo uma de suas imagens aqui para ilustrar:
Diagrama de conexão com a Internet
Muito bem, agora que sabemos como saímos de nossa casa para a Grande Rede, o que acontece a partir daí? Um gráfico resumido pode ser encontrado nesse endereço. É bastante didático e pode ajudar quem tiver dificuldade com a explicação.
O mais importante é entender que a Internet se trata de uma rede de redes. Isso significa dizer que não há um ponto concentrador, como “a grande rede que todos têm que acessar”, mas sim um conjunto de comunicação geograficamente distribuído que interliga vários pontos de comunicação. Esse é o grande segredo: quando eu envio uma informação, eu não tenho a menor ideia do caminho que ela deve seguir, nem mesmo as aplicações têm. Só tenho dois dados: endereço de saída e endereço de destino (acompanhados das respectivas portas), e o caminho a ser percorrido é decidido na hora em que realizamos um “salto” na rede. Assim, quando acessamos um site como o UOL, por exemplo, realizamos a seguinte sequência de conexões de maneira resumida: Minha rede doméstica -> Rede do meu provedor -> Rede do provedor UOL -> Rede interna de serviços do UOL -> Servidor que contém a informação do UOL. Há formas de saber qual é exatamente o caminho que a informação percorre, como o comando traceroute no Unix, mas esse é um papo para os Geeks de plantão que fica para depois.
Voltando à questão do seu provedor, entra uma questão muito importante no Brasil. Quando acessamos os nossos provedores, estamos entrando em uma rede de domínio de determinada empresa, que gostaria de reproduzir aqui, mas não consegui achar nenhuma referência. Essa rede tem pontos de conexão com o que conhecemos como Internet, que seria o conjunto de outras grandes redes mundiais. A informação precisa de um meio para trafegar, como uma linha telefônica, um cabo e até mesmo o ar, e o meio pelo qual trafegam os dados afeta em muito a qualidade da conexão. No caso dos grandes provedores, eles necessitam conectar seus clientes às suas grandes redes, que por sua vez precisam ser conectadas às redes mundiais. O meio mais usado por possuir a melhor taxa de transmissão ou bitrate é a fibra ótica, o que significa um transporte através de um tipo especializado de cabo. Para que entendam, é como se precisássemos conectar as cidades umas às outras através de um grande cabo. Pode parecer impensável para os leigos, mas existem cabos que conectam quase todas as cidades do Brasil e até mesmo países. O diagrama a seguir mostra como as cidades podem conectar-se umas às outras, com o exemplo da rede Ipê da RNP.
Diagrama de backbone da RNP
A figura nos mostra os principais backbones de Internet da rede RNP, uma das mais importantes do Brasil. Um backbone é como um grande concentrador de redes privadas. No caso, a RNP é uma rede pública, mas as empresas como Oi, Telefônica, etc têm redes semelhantes.
O diagrama é suficiente para exemplificar como conectamos as redes brasileiras ou os serviços brasileiros. Contudo, o que acontece se eu quiser acessar um site que está nos EUA por exemplo? Precisaremos de outro diagrama para entender o problema.
Diagrama do mapa de cabos submarions
Fonte: http://www.telegeography.com/assets/website/images/maps/submarine-cable-map-2010/submarine-cable-map-2010-m.jpg
Como podemos perceber, quase todo o mundo é cortado por cabos submarinos, e assim nos conectamos uns com os outros enquanto países. Estamos começando a chegar em um ponto bastante interessante, mas só poderemos entendê-lo observando o mapa de conectividade da Embratel.
Backbones da Embratel
Mapa de Backbones da Embratel
Estamos chegando perto de responder à pergunta proposta no começo. Afinal, quem são os verdadeiros donos da rede? No Brasil, até o começo da década de 90, as telecomunicações eram um monopólio estatal, e todos os cabos que vemos no diagrama da Embratel pertenciam ao governo. Todavia, com a privatização a empresa que arrematou a Embratel levou também toda a nossa conectividade com as redes mundiais. Como podemos ver, são 4 os cabos que saem do Brasil e nos conectam às redes dos países vizinhos, e todos eles pertencem à Embratel. E quem é o dono da Embratel? Bom, acho que isso não é segredo pra ninguém, uma vez que é uma empresa com capital aberto em bolsa, mas o fato é que o dono da Embratel é um dos homens mais ricos do mundo, o mexicano Carlos Slim. Talvez seja um exagero dizer que o mexicano é dono da Internet brasileira, mas não é um exagero dizer que ele é o dono de nossa ligação com o mundo. Sem a Embratel temos como conversar com nossas redes internas, mas não com as outras redes do mundo.
Há ainda um outro problema, que não deve ser desprezado. A Internet é baseada no protocolo de comunicação TCP/IP, ou seja, as conexões são baseadas em números. Contudo, quando abrimos nossos navegadores para acessar o Portal do UOL não digitamos um número, e sim um endereço DNS. Ele é parte fundamental de nossa estrutura de comunicação, pois é o que realmente guardamos em nossas cabeças. Duvido que alguém saiba o IP do UOL, por exemplo, mas o endereço www.uol.com.br já é consagrado. Existe uma instituição internacional que dita regras para a formação dos nomes que devem ser seguidas por todos, e um gigantesco banco mundial que contém informações sobre todos os endereços utilizados no mundo. Se o seu computador precisasse consultar todo o banco de dados mundial de endereços para saber qual IP corresponde ao que você está digitando no navegador cada vez que clicássemos em um link levaríamos uma eternidade para saber a resposta. Por isso existe uma hierarquia muito clara de consulta de servidores. Em sua casa, por exemplo, é realizada uma consulta a um servidor DNS do seu provedor, que por sua vez consulta uma lista maior de endereços conhecida como TLD. Esses, por sua vez, conversam diretamente com os gerenciadores mundiais de domínio que são conhecidos como root servers.
Aí chegamos ao ponto que queríamos. Existem 13 servidores raiz ao redor do mundo, conforme a lista abaixo:
Server Operator Locations IP Addresses AS Number
A VeriSign, Inc. Sites: 6
Global: 6
Local: 0Los Angeles, CA, USNew York, NY, US *Frankfurt, DEHong Kong, HKPalo Alto, CA, US *Ashburn, VA, US *
IPv4: 198.41.0.4
IPv6: 2001:503:BA3E::2:30
19836
B Information Sciences Institute Sites: 1
Global: 0
Local: 1Earth
IPv4: 192.228.79.201
IPv6: 2001:478:65::53
none
C Cogent Communications Sites: 6
Global: 6
Local: 0Herndon, VA, USLos Angeles, CA, USNew York, NY, US;Chicago, IL, USFrankfurt, DEMadrid, ES
IPv4: 192.33.4.12 2149
D University of Maryland Sites: 1
Global: 1
Local: 0College Park, MD, US
IPv4: 128.8.10.90 27
E NASA Ames Research Center Sites: 1
Global: 1
Local: 0Mountain View, CA, US
IPv4: 192.203.230.10 297
F Internet Systems Consortium, Inc. Sites: 49
Global: 2
Local: 47Ottawa, Canada *; Palo Alto, CA, US *; San Jose, CA, US; New York, NY, US *; San Francisco, CA, US *; Madrid, ES; Hong Kong, HK; Los Angeles, CA, US *; Rome, Italy; Auckland, NZ *; Sao Paulo, BR; Beijing, CN; Seoul, KR *; Moscow, RU *; Taipei, TW; Dubai, AE; Paris, FR *; Singapore, SG; Brisbane, AU *; Toronto, CA *; Monterrey, MX; Lisbon, PT *; Johannesburg, ZA; Tel Aviv, IL; Jakarta, ID; Munich, DE *; Osaka, JP *; Prague, CZ *; Amsterdam, NL *; Barcelona, ES *; Nairobi, KE; Chennai, IN; London, UK *; Santiago de Chile, CL; Dhaka, BD; Karachi, PK; Torino, IT; Chicago, IL, US *; Buenos Aires, AR; Caracas, VE; Oslo, NO *; Panama, PA; Quito, EC; Kuala Lumpur, Malaysia *; Suva, Fiji; Cairo, Egypt; Atlanta, GA, US; Podgorica, ME; St. Maarten, AN *
IPv4: 192.5.5.241
IPv6: 2001:500:2f::f
3557
G U.S. DOD Network Information Center Sites: 6
Global: 6
Local: 0Columbus, OH, USSan Antonio, TX, USHonolulu, HI, US;Fussa, JPStuttgart-Vaihingen, DENaples, IT
IPv4: 192.112.36.4 5927
H U.S. Army Research Lab Sites: 1
Global: 1
Local: 0Aberdeen Proving Ground, MD, US *
IPv4: 128.63.2.53
IPv6: 2001:500:1::803f:235
13
I Autonomica Sites: 34Stockholm, SE *; Helsinki, FI; Milan, IT; London, UK; Geneva, CH; Amsterdam, NL; Oslo, NO; Bangkok, TH; Hong Kong, HK; Brussels, BE; Frankfurt, DE; Ankara, TR; Bucharest, RO; Chicago, IL, US; Washington, DC, US; Tokyo, JP; Kuala Lumpur, MY; Palo Alto, CA, US; Jakarta, ID; Wellington, NZ; Johannesburg, ZA; Perth, AU; San Francisco, CA, US; Singapore, SG; Miami, FL, US; Ashburn, VA, US; Mumbai, IN; Beijing, CN; Manila, PH; Doha, QA; Colombo, LK; Vienna, AT; Paris, FR; Taipei, TW IPv4: 192.36.148.17
IPv6: 2001:7fe::53
29216
J VeriSign, Inc. Sites: 70
Global: 63
Local: 5Dulles, VA, US (2 sites); Dulles, VA, US (1 sites); Ashburn, VA, US *Miami, FL, USAtlanta, GA, US; Seattle, WA, US; Chicago, IL, US; New York, NY, US *Honolulu, HI, USMountain View, CA, US (1 sites); Mountain View, CA, US (1 sites); San Francisco, CA, US (2 sites) *Dallas, TX, USAmsterdam, NLLondon, UK;Stockholm, SE (2 sites)Tokyo, JPSeoul, KR; Beijing, CN;Singapore, SGDublin, IEKaunas, LT; Nairobi, KE; Montreal, CAPerth, AUSydney, AUCairo, EG; Cairo, EG; Warsaw, PL (2 sites)Brasilia, BRSao Paulo, BRSofia, BGPrague, CZ;Johannesburg, ZAToronto, CABuenos Aires, ARMadrid, ES;Fribourg, CHHong Kong, HK (2 sites)Turin, ITMumbai, IN;Oslo, NOBrussels, BEParis, FR (2 sites)Helsinki, FI;Frankfurt, DERiga, LVMilan, ITRome, ITLisbon, PTSan Juan, PREdinburgh, UKTallin, EETaipei, TWNew York, NY, US *Palo Alto, CA, US *Anchorage, USMoscow, RU;Manila, PHKuala Lumpur, MYLuxembourg City, LUGuam, GU, USVancouver, CAWellington, NZ
IPv4: 192.58.128.30
IPv6: 2001:503:C27::2:30
26415
K RIPE NCC Sites: 18
Global: 5
Local: 13London, UK *Amsterdam, NL *Frankfurt, DE; Athens, GR *; Doha, QA; Milan, IT *; Reykjavik, IS *; Helsinki, FI *; Geneva, CH *; Poznan, PL; Budapest, HU *; Abu Dhabi, AE; Tokyo, JP; Brisbane, AU *; Miami, FL, US *; Delhi, IN; Novosibirsk, RU; Dar es Salaam, TZ
IPv4: 193.0.14.129
IPv6: 2001:7fd::1
25152
L ICANN Sites: 7
Global: 7
Local: 0Los Angeles, CA, US *Miami, FL, US *Prague, CZ *;Johannesburg, ZA *Cape Town, ZA *Crete, GR *Sao Paolo, BR *
IPv4: 199.7.83.42
IPv6: 2001:500:3::42
20144
M WIDE Project Sites: 6
Global: 5
Local: 1Tokyo, JP (3 sites) *; Seoul, KR; Paris, FR *San Francisco, CA, US *
IPv4: 202.12.27.33
IPv6: 2001:dc3::35
7500
Fonte: http://www.root-servers.org/ Acessado em 13 de julho de 2010
O mapa a seguir mostra como eles são geograficamente distribuídos: http://www.root-servers.org/map/
Como podemos ver, grande parte deles está concentrada nos EUA, e tem sido feito um trabalho muito grande de replicação das informações pelos órgãos internacionais de controle da Internet. Contudo, grande parte dos servidores são configurados como réplica dos maiores, e uma queda nos pais pode gerar uma interrupção dos serviços em alguns dos filhos também, pelo menos por algum tempo. Ou seja, se perdêssemos o acesso aos servidores DNS que estão nos EUA, é bem provável que a resolução de nomes ficasse comprometida.
O gráfico a seguir mostra a concentração de do tráfego mundial de Internet. Veja e analise: o que aconteceria com o tráfego mundial se os EUA não estivessem no mapa?
Figura com o mapa do tráfico global de internet
Fonte: http://www.telegeography.com/assets/website/images/maps/global-traffic-map-2010/global-traffic-map-2010-m.jpg

Eu Usuário

Após tudo o que foi dito, qual a relação entre tudo isso e eu, que estou no outro lado da linha querendo apenas acessar meu conteúdo que está na rede? Vamos fazer uma pequena análise dos serviços que utilizamos em nosso dia-a-dia no Brasil: Orkut, Facebook, Twitter, GMail, Yahoo! Mail e Hotmail. Você sabe onde estão localizados esses serviços? Ou seja, em qual desse emaranhado de redes estão localizados? Vamos realizar o seguinte procedimento: da minha casa vou dar um comando ping e descobrir qual o IP que responde pelos endereços. Em seguida vou utilizar o Geo IP para saber onde eles estão geograficamente localizados.
  • Orkut:
    • DNS: www.orkut.com (orkut.l.google.com)
    • IP: 64.233.163.86
    • Cidade: Mountain View, CA – EUA
  • Facebook:
    • DNS: www.facebook.com
    • IP: 69.63.189.11
    • Cidade: South Gate, CA – EUA
  • Twitter:
    • DNS: twitter.com
    • IP: 128.242.240.84
    • Cidade: Englewood, CO – EUA
  • GMail:
    • DNS: www.gmail.com (googlemail.l.google.com)
    • IP: 64.233.163.83
    • Cidade: Mountain View, CA – EUA
  • Yahoo! Mail:
    • DNS: yahoomail.com.br
    • IP: 206.190.60.37
    • Cidade: Sunnyvale, CA – EUA
  • Hotmail:
    • DNS: www.hotmail.com (origin.mail.live.com)
    • IP: 64.4.20.174
    • Cidade: San Jose, CA – EUA
Como podemos ver, todos estão localizados nos EUA, o que não é nenhuma surpresa. Agora imagine um cenário hipotético: o que aconteceria com os seus emails que estão no GMail, por exemplo, se o tal ato patriótico fosse lançado e o acesso à Internet dos EUA fosse cortado? Sim, isso mesmo. Já era. Game Over. Você simplesmente não teria mais como acessá-los. Sim, estaria tudo perdido. Pior, o governo americano poderia pedir para investigar os servidores atrás de informações sobre atividades terroristas. Agora uma pergunta: o quanto você depende desses serviços? Pense nisso.
De direito a Internet é uma rede de todos. Os EUA já tentaram desligá-la uma vez, quando decidiram extinguir a Arpanet, e não conseguiram. Mas de fato, quase todos os dados que circulam pela rede hoje passam de alguma forma pelos nossos amigos americanos. O que mais me preocupa é que muita gente não tem a menor ideia de que isso acontece, ou alguns simplesmente ignoram deliberadamente. Um bom caso é o acordo entre o governo de SP e a Microsoft. Eles alegam que o acesso aos correios será gratuito, mas qual será o custo da iniciativa? O que aconteceria com os alunos e professores se o tal ato patriótico fosse invocado? Posso ir ainda mais longe: o que aconteceria a um aluno da rede pública de SP se enviasse uma mensagem apoiando os adversários dos EUA? Para quem acha que isso é paranóia sugiro dar um pulo no texto aqui do blog sobre o Governo da China e o caso Google. É apenas um primeiro round da batalha que está por vir.
Estou cada vez mais convencido que a guerra do novo milênio é a busca por informação. Por isso empresas e governos estão cada vez mais preocupados em liberar e restringir o acesso. No caso da proposta do Senador americano, estamos falando de uma séria ameaça à neutralidade da rede. Mesmo que o tal projeto de lei não passe, estamos inevitavelmente presos a um círculo de controle. O próprio blog que hospeda esse post pertence ao Worpdress, uma empresa americana. Se querem saber, o servidor que o hospeda está em Houston, TX, EUA.
Respondendo então às perguntas que colocamos no início, é possível aos EUA bloquear o acesso à Internet? Responderia categoricamente que sim. E o que isso afeta a minha vida? Aí eu deixo para sua própria reflexão, que pode ser compartilhada através da caixa de comentários.
Se você se assustou e se pergunta como sair dessa armadilha, há algumas soluções. Pretendo fazer um post sobre o assunto no futuro.